Kiss 10 anos

“Buscar justiça é vingança? Lutar pelo teu filho é vingança?” questiona Pedro Barcellos, advogado e assistente de acusação do Caso Kiss

Vitória Parise

“Buscar justiça é vingança? Lutar pelo teu filho é vingança?” questiona Pedro Barcellos, advogado e assistente de acusação do Caso Kiss

Foto: Vinicius Machado

O programa CDN Entrevista, da Rádio CDN, recebeu, na tarde desta sexta feira (12), o advogado do assistente de acusação do Caso KissPedro Barcellos. O principal tema da conversa, conduzida por Deni Zolin, foi o julgamento dos recursos de apelação realizado na última semana, que resultou na anulação do júri da Kiss, e os desdobramentos da decisão.

Barcellos falou sobre o comportamento de outros advogados envolvidos no júri, com publicações que, segundo ele, seriam de mal gosto e direcionadas em redes sociais, com hashtags como #AceitaMP, por exemplo.


– Tu mesmo destrói a tua vitória, entre aspas, por que não tem vitória no júri, todo mundo perde. Achei de mal gosto, mas cada um tem a sua vida, faz seus caminhos, fala o que quer. Pra mim, até papagaio fala. Advogado fala dentro do processo. É uma sanha por ter fama e aparecer. Isso não é uma brincadeira.


Foi mencionado também o áudio vazado, ao vivo, durante o julgamento, em que o desembargador Martinez Lucas chama o advogado de “aquela toupeira”. O vídeo foi alvo de diversos comentários e compartilhamentos nas redes sociais.

Confira alguns trechos da entrevista

Que argumento vocês irão tentar usar, tanto no STJ quanto no STF para tentar derrubar essa decisão e tentar validar o júri?

“Eu não quero ser grosso contigo, mas eu sempre digo isso, e o advogado fala dentro do processo, ele não fala no microfone, por isso existe o caderno probatório. Vai ser manejado todas essas nulidades, são cinco, salvo engano. Seria a reunião com o Dr. Orlando, uma quesitação do Dr. Orlando também, a maquete, o consultas integradas e mais um, que me foge a memória. Ele para o júri e adentra a sala secreta com os jurados e a gente não sabe, esse é o argumento da defesa. Isso aí vai ser rebatido pelo Ministério Público. Até o Dr. Martinez, que até tu vai tocar no assunto, que teria me ofendido, ele votou rechaçando todas as nulidades. Então, possivelmente ali vão ser extraídos os fundamentos pelo Ministério Público, acredito eu, e pela assistência para combater essas nulidades, alegando que o júri não deva ser anulado.”

Na situação atual, você acredita que a justiça está sendo feita?

Com essa decisão? Não. Vingança? Buscar justiça é vingança? Vamos buscar justiça, não interessa se eles vão ser absolvidos ou não. É poder judiciário, poder da justiça. (…) Tu lutar pelo teu filho é vingança? Tu é pai? O que tu faria se teu filho estivesse lá dentro? Tu ficaria em casa chorando ou iria para luta?” 


A respeito da frase do desembargador, o que será feito a partir disso?Vai entrar com alguma ação judicial?

“Na volta para Santa Maria, uma advogada me ligou e disse que aquilo não foi dito pra mim, e sim, para um servidor ou assessor. Não, tranquilo. Mas, a impressão que ficou foi que era pra mim. Quem falou foi ele, quem tem que explicar é ele. Mas, como tu perguntaste, sim, já estou me movimentando. Se foi pra mim, ele diz que não, da mesma forma que ele me injuriou, ele que se retrate. Eu não tenho problema quanto isso, vamos resolver dentro do poder judiciário.”

O Congresso Nacional está analisando modificações no código penal, por que há um consenso sobre o excesso de recursos judiciais de modo geral. Na sua opinião, isso precisa mudar?

“Por que existem os recursos? Nós temos de partir do princípio que tem o duplo grau de jurisdição, o terceiro grau. Vamos fazer o seguinte, vamos deixar tudo nas mãos do juiz e sem nenhum recurso, que é justo. Mas a decisão de uma pessoa só? A decisão de duas ou três pessoas no tribunal. Eu acredito que os tempos passaram, o Brasil evoluiu. Tu gostarias de ser julgado por um ou dois recursos, ou tu gostarias que ter todos aqueles recursos possíveis contra ti? Contra mim, sim, mas contra os outros? Ah, mas daí não pode. Inventam recursos, o ser humano é falho.

Não é que nós temos muitos recursos, mas é que as pessoas são falhas. Muito recursos, não sei se tem muitos que atrapalham. É o advogado que segura o processo? O promotor? Quem demora é o poder Judiciário. Nós poderíamos ter mil recursos, que poderiam ser julgados em uma semana;. Ah, mas não temos juízes. Sim, mas daí o problema é do setor judiciário, não é do Pedro, que tem o prazo para entrar com o recurso. Nós podemos colocar 30 recursos a mais, mas se o poder Judiciário for rápido e eficiente, o que é, tudo passaria tão rápido. As pessoas querem atropelar caminhos. Contra os inimigos, a gente atropela caminhos, mas contra nós, não. Acho que esse assunto precisa ser debatido, mas é perigoso deixar a decisão na mão de poucos. Precatórios, por exemplo, quantos esperam 20 a 30 anos. Pô, tá demorado, mas os juízes têm 60 dias de férias. Por que ele não tem 30? Porque não coloca mais juízes? Mas daí não dá para colocar a culpa nos advogados ou na acusação. A demora não é do advogado, que senta em cima do processo. O advogado cumpre prazos, mas quem senta em cima do processo é o Judiciário.”



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